Enquanto a comunidade indígena de Dourados luta para combater o avanço do vírus, a imprensa local, mesmo que inconscientemente, não contribui para o combate ao preconceito
Por Bianca Cegati Ozuna*
A casa de “seu” Tanazinho, frequentemente é ponto de referência para quem explica algum endereço na aldeia Jaguapiru. Homem de fácil comunicação, respeitado, mas também muito brincalhão, o que o tornou um exemplo para os mais jovens da região. Pai de 12 filhos e avô de 46 netos, foi capitão da aldeia em outras épocas e depois se tornou pastor de uma igreja evangélica, da qual era presidente. Ainda assim, e, mesmo aposentado, encontrava tempo para trabalhar com o conserto de carros. Com orgulho, era mecânico.
A breve biografia, que pouco – ou quase nada – foi contada pela imprensa local, é de Atanazio Cabreira, de 67 anos, morador da aldeia Jaguapiru, na Reserva Indígena Federal de Dourados, estado de Mato Grosso do Sul. Nas matérias sobre sua morte, “seu” Tanazinho, como era conhecido, foi retratado apenas pelo anônimo conjunto gênero-idade-numeral ordinal: homem, 67 anos, segunda vítima da covid-19 na Reserva. Foi necessário buscar em quatro sites locais de notícias para encontrar seu nome e qualquer outra informação não emitida em nota.
Continuar lendo