Família real britânica é tema do seriado The Crown e, na sexta-feira (9/4), a morte do marido da rainha Elizabeth foi notícia em todo o mundo
Por Marina Dalton
Ontem, os portões do Palácio de Buckingham estiveram repletos de flores. Aos pés das grades pretas e douradas que cercam a moradia oficial da realeza britânica, súditos deixaram suas homenagens. A bandeira do Reino Unido estava hasteada a meio mastro: morreu um membro da família real.
“É com profunda tristeza que Sua Majestade a Rainha anunciou a morte de seu amado marido, Sua Alteza Real o Príncipe Philip, Duque de Edimburgo”, dizia o comunicado oficial. A notícia foi dada pouco depois de meio-dia na Inglaterra — próximo às 8h da manhã no Brasil. “Sua Alteza Real faleceu pacificamente esta manhã no Castelo de Windsor.”
Subtítulo: O que 20 segundos de exposição na cerimônia significam para a produção cultural das minorias e da periferia
Por Layla Abdon e Vitória Marcondes
No penúltimo domingo (14/03), foi celebrada a sexagésima terceira edição do Grammy Awards, uma das maiores e mais reconhecidas premiações de música do mundo. Como de costume, foram realizadas apresentações performáticas de figuras importantes do meio musical, e, neste ano, apesar da pandemia, não deixaram de marcar presença vários artistas, como: Beyoncé, Harry Styles, Billie Eilish, Megan Thee Stallion, Roddy Ricch, entre outros.
Dentre os grandes acontecimentos da noite, destacou-se a apresentação de Cardi B., não apenas pelo cenário e coreografias sensuais, mas porque a rapper optou por cantar a versão remix do DJ brasileiro Pedro Sampaio do seu sucesso “WAP”. A artista, conhecida por seu estilo exuberante e suas músicas com letras de teor sexual, ousou novamente ao trazer pela primeira vez o funk do Brasil para os palcos do evento.
Surto de covid-19 intensifica o número de casos de agressões físicas e verbais contra asiáticos e evidencia que o coronavírus não é o único inimigo invisível entre nós
Por Bruna Yamaguti
No início de 2020, escrevi um texto para o SOS Imprensa intitulado “Coronavírus infecta brasileiros com ignorância”, no qual relatei alguns episódios de xenofobia vividos por descendentes de asiáticos, quando a covid-19 ainda não tinha se alastrado para o resto do planeta. Na época, a doença totalizava cerca de 1.114 vítimas, todas em território Chinês. Um ano após a publicação desse artigo, o cenário é outro, mas o medo é o mesmo. Embora vacinas tenham sido desenvolvidas e milhões de pessoas já estejam imunizadas, a pandemia deixou a insegurança de um inimigo invisível que pode sofrer mutações. E, para algumas milhares de pessoas com os olhos puxados, é preciso lidar ainda com um outro adversário, de múltiplas facetas e que insiste em permanecer: o racismo.
Com raízes na luta por direitos civis e igualdade, os Estados Unidos dão um grande passo para o futuro com a eleição da primeira mulher negra para vice-presidente
Por Layla Abdon
Em um período no qual os Estados Unidos definem quem são, lembram de onde vieram e decidem para onde irão, a eleição da democrata Kamala Harris como vice-presidente carrega grandes significados. O momento histórico, em que a primeira mulher, negra e de descendência asiática foi escolhida para o segundo cargo mais importante do país, se transformou em símbolo de contraste para o período conturbado vivenciado pelos norte-americanos nos últimos anos.
Da esquerda, Doug Emhoff, marido da vice-presidente eleita Kamala Harris, Harris, o presidente eleito Joe Biden e sua esposa Jill Biden
Em sua biografia, The Truths We Hold: An American Journey (Penguin Press, 2019), Kamala diz que, em sua vida, aprendeu que palavras importam. “Como chamamos as coisas, e como as definimos, molda como as pessoas pensam sobre elas. Muitas vezes, as palavras são usadas para degradar nossas impressões sobre os problemas ou nossas impressões uns dos outros”, afirma Kamala. Durante o mandato de Trump, comentários misóginos, racistas e xenofóbicos foram uma constante. O presidente republicano valeu-se de seu poder de fala para corroborar com a estereotipação e exclusão de grupos historicamente marginalizados e vulneráveis.
Lovecraft Country e Watchmen se apossam de gêneros fictícios e historicamente brancos para contar um terror negro real
Por Victor Cesar Borges
Atenção: Esse texto contém spoilers do nono episódio de Lovecraft Country
Os altos números de audiência e a recepção fortemente positiva dos críticos e do público consolidaram Lovecraft Country como um dos maiores sucessos de 2020, que pode repetir, na próxima edição da premiação, o efeito que Watchmen (baseada na HQ homônima de Alan Moore) teve nos prêmios Emmy deste ano, quando venceu quatro das 11 indicações que recebeu. Ambas as produções da HBO abordam as consequências reais do racismo e também os efeitos que teriam em elementos fantásticos, como magia, ficção científica e super-heróis. Existe, porém, outro elemento importante em comum entre elas: a visibilidade sobre uma tragédia que sofreu forte apagamento histórico, O massacre de Tulsa, Oklahoma em 1921, o maior episódio de violência racial da história estadunidense.
Na próxima terça, conheceremos o novo mandatário da Casa Branca, eleito após uma campanha polêmica e uma pandemia que colocou os Estados Unidos no topo dos dados de infecções, mortes e fake news
Por Gabriel Bezerra
No dia 3 de novembro, acontece nos Estados Unidos a 59º eleição presidencial de sua história, que decidirá quem irá ocupar a cadeira no Salão Oval da Casa Branca. O escolhido, irá realizar um importante papel na geopolítica mundial. Ainda mais depois de um atípico período de recuperação, após a pandemia viral que abalou a economia e a sociedade em geral. Depois das polêmicas envolvendo as últimas eleições em 2016, o papel da mídia é novamente posto em jogo, por conta das diversas informações falsas que se tornaram presentes durante todo o ano de 2020.
O presidente estadunidense Donald Trump responde a processos por estupro, abuso e assédio sexual
Por Luiz Neto
O apresentador Tucker Carlson, daFox News, foi acusado de difamação pela modelo Karen McDougal em 2018, após dizer em rede nacional que ela teria extorquido R$150 mil de Donald Trump para impedi-la de divulgar o caso entre os dois. A juíza não aceitou a acusação alegando que, devido à reputação do apresentador, qualquer telespectador razoável se valeria de uma quantidade abundante de ceticismo sobre suas colocações. Neste texto, tentarei compreender e explicar a atitude do apresentador, a decisão da juíza e onde os fatos nos levam.
O comunicador californiano apresenta o Tucker Carlson Tonight no canal conservador estadunidense Fox News. No instituto de checagem de fatos Politifact, dez colocações suas sobre temas diversos foram verificadas. Destas, oito eram majoritariamente falsas, imprecisas ou mentirosas. As outras duas foram classificadas como meias-verdades.
A apresentação de Paris sob uma ótica estadunidense para um público norte-americano
Por Ingrid Ferrari e Layla Abdon
Uma garota americana sai de sua cidade natal rumo ao desconhecido em um país diferente. Trabalhando em uma grande empresa, ela descobre um novo mundo entre suas experiências na cidade. Assim é a trama de muitos filmes e séries de comédia romântica e é também o enredo de Emily in Paris, nova série da Netflix.
A protagonista, Emily (Lily Collins), mesmo não dominando o idioma nativo, é enviada por sua empresa para trabalhar em um escritório de marketing para produtos de luxo na capital francesa. Seu principal papel na nova função é fornecer um “ponto de vista norte-americano” para a firma.
Apesar de ter feito muito sucesso e ter alcançado o primeiro lugar entre os mais vistos da Netflix, a imprensa francesa não recebeu a série com bons olhos e ficou ofendida com o conjunto de estereótipos retratados. De acordo com o crítico Charles Martin, em texto da Revista Première, “(Na série) aprendemos que os franceses são ‘todos maus’, que são preguiçosos e nunca chegam ao escritório antes do final da manhã, que são paqueradores e não estão realmente apegados ao conceito de lealdade, que são sexistas e retrógrados e, claro, que têm uma relação questionável com o banho”.
Além de seu emprego, Emily também cria um Instagram e se torna uma influencer postando fotos e momentos de sua vida em Paris, retratada superficialmente, à típica maneira das mídias sociais, tanto em seu perfil quanto no enredo. Em cenários como um café e a Torre Eiffel, todos os clichês foram representados: desde as roupas extremamente luxuosas à baguette embaixo do braço.
Essa construção de estereótipo não é algo incomum. Outras nacionalidades, em sua maioria de países pobres ou em desenvolvimento, sentem na pele há anos essa representação estereotipada. As produções estadunidenses e de Hollywood usam em diversos filmes, principalmente o estereótipo latino, visto que é a minoria étnica mais significativa presente no país, constituindo 18% da população dos EUA. Desde as vestimentas até o sotaque forçado, o sex appeal é a caricatura estereotipada do latino, como por exemplo o papel de Sofia Vergara na série Modern Family ou Eva Longoria no seriado Desperate Housewives. O grande problema desta representação da latina sexy é que nega a muitas latinas sua identificação cultural, baseando-se apenas na sua aparência física e sexual, negando seus valores éticos e culturais.
Apesar de essa questão sempre ter estado presente nos filmes que retratam países pobres ou em desenvolvimento, não é de se surpreender que esta pauta tenha maior visibilidade agora que chegou à Europa. No contexto atual, com o domínio norte-americano, pode-se perceber uma despreocupação em retratar de forma fidedigna a cultura francesa e isso pode ser notado pela maneira como Emily, com seu lema “Fake it till you make it” (Finja até conseguir, em tradução livre), demonstra esperar que todos saibam falar inglês.
Além da representação estereotipada dos franceses, pode-se perceber que existe uma arrogância na personagem de Emily, ao acreditar que sempre está certa em suas estratégias no trabalho e atitudes pessoais, considerando o modo de pensar francês como ilógico. Como por exemplo, ao querer ensinar um chef como se prepara uma carne, sob a perspectiva norte-americana de que o “cliente está sempre certo”. Colocando, assim, a visão americana sempre acima, até mesmo, da própria cultura do país onde ela é uma estrangeira.
É também indiscutível que a metrópole francesa abriga grande diversidade étnica e cultural, sendo, assim, uma tarefa árdua, ou até inatingível, representá-la por inteiro em uma só narrativa. Ainda sim, é importante identificar e ter um olhar crítico sobre fórmulas audiovisuais unidimensionais e generalizadoras a fim de proporcionar uma identificação por quem é representado e não alimentar preconceitos daqueles que consomem.
A visão de um estrangeiro nunca será a mesma de um nativo. Seja no turismo, nas redes sociais ou em um produto cultural. O estereótipo surge da falta de conhecimento profundo, do senso comum, de uma imagem pré-concebida e coletivizada. Para representar uma cultura, é necessário mais do que conhecer certos pontos turísticos da cidade e falar meia dúzia de palavras de um certo idioma. “Bonjour” e “Comment ça va?” (“Bom dia” e “Como vai?”, em tradução livre) não são suficientes. A França é mais que Champagne e Camembert, bem como o Brasil vai além de carnaval e futebol.
Compreende-se a dificuldade de mostrar todas as possibilidades que a cidade oferece, mas é interessante pensar que ao retratar uma cultura, deva-se mostrar além do trivial. Ou talvez esta visão não seja tão vendável assim…
Em um cenário onde opiniões são amplamente divulgadas, atletas ainda possuem dificuldade em manifestar seus posicionamentos inclusive quanto a questões sociais
Por Gabriel Bezerra
O caso de racismo sofrido pelo astro brasileiro Neymar no último domingo trouxe à mesa várias discussões acerca das ofensas raciais no futebol e as suas consequências. Ao mesmo tempo que, na NBA, a maior liga de basquete do mundo, jogadores que levantam a bandeira do movimento BLM são criticados pela sua postura ativista. Os últimos acontecimentos no mundo e os diversos protestos e discussões que surgiram como pauta social nos colocam como integrantes de um diálogo. No esporte, os atletas costumam ser cobrados para assumir tal posição pelo fato de serem influenciadores importantes mas, costumeiramente, eles também são alvo de críticas quando expõem os seus ideais. Desde protestos ligados à questões raciais até a defesa de determinados políticos, há espaço para atletas se posicionar em relação à questões sociais? Neymar, Lewis Hamilton, LeBron James e Jaylen Brown devem se manifestar para além das arenas esportivas?
Em pleno mês da visibilidade lésbica, o trailer de Ammonite mostra que mulheres homossexuais sempre estiveram e sobreviveram nas mais conservadoras camadas da sociedade, escondidas, mas sendo quem realmente eram e sem medo de viver a verdade entre si mesmas
Por Christine Santos
Baseado na vida da paleontóloga Mary Anning, o trailer de Ammonite que saiu essa semana, conta com a estrela de Titanic, Kate Winslet. O filme é a nova promessa para o cinema em novembro de 2020, vindo para mostrar que existiram mulheres de um passado bem distante que viveram sua sexualidade indo contra os padrões sociais conservadores da era vitoriana.