DO ÉPICO AO ÍNTIMO: O QUE EXPLICA A QUEDA DE INTERESSE POR FILMES DE SUPER-HÉROIS

Após auge em 2019, público parece desinteressado por novos lançamentos

Por Guilherme Cavalcanti

As adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema surgiram como subgênero em Hollywood a partir dos anos 2000. Entre os dez filmes mais lucrativos da história do cinema, quatro pertencem a esse gênero. Porém, nos últimos meses, uma aparente crise relacionada às produções de super-heróis tem dominado as mídias sociais, visto que a Marvel Studios, referência em produzir filmes com unanimidade de crítica, apresenta queda nas bilheterias, o que levanta debates acerca da “fadiga de super-heróis” (a “superhero fatigue”, em inglês).

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GRITO DE SILÊNCIO

Assédio no futebol feminino é marcado por manifestações dentro de campo e repercussão à procura de respostas no meio jornalístico 

Por Laíse Matos

A quinta rodada do Brasileirão Feminino, que ocorreu entre 12 e 15 de abril, foi marcada por protestos contra Kleiton Lima, então técnico das Sereias da Vila — Santos FC — acusado de assédio moral e sexual em passagem anterior pelo clube. Atletas de outros times, como Corinthians, Palmeiras e Internacional cobriram a boca durante o hino nacional para manifestar indignação à impunidade do caso.

Protesto do Corinthians durante o hino nacional. Reprodução/ R7 notícias

A denúncia de assédio ocorreu através de cartas anônimas de 19 jogadoras que descrevem “toques indevidos”, “comentários desrespeitosos” e “piadas nojentas”. “Meu psicológico foi muito afetado, desenvolvi crises de ansiedade, falta de confiança nos treinos, sofro de insônia”, diz uma das cartas divulgadas pelo Uol. Na época do caso, setembro de 2023, Kleiton Lima se desligou do Santos. Depois de sete meses, o técnico voltou ao comando do time no dia 8 de abril.

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TENDÊNCIAS DE MODA NO TIKTOK

Como a rede social chinesa influencia na exibição de tendências de moda aos usuários?

Por Júlia Cerejo

Clean Girl, Barbiecore, Brazil Core, Mob Wife, Mermaid Skin e Glazed Donut Skin. Essas são algumas das estéticas que influenciam a maneira de se vestir ou se maquiar propagadas pela rede social TikTok nos últimos anos. Os usuários elegem algo para se inspirar dentro da estética escolhida e, assim, a reproduzem até surgir outra tendência que substitui a anterior, em um  curto espaço de tempo. A problemática despertada é a velocidade em que diferentes estilos são apresentados ao público e rapidamente descartados. A plataforma exibe esses modelos de consumo, e num ciclo, estimula constantemente os usuários a acompanharem o que está em alta.

A dissertação de mestrado, Moda na era do TikTok: do supermercado de estilos às tendências virais, da pesquisadora Nínive da Silva Girardi aponta como as fashion tiktokers conquistam o público ao apresentar nichos da moda de maneira descomplicada. “Em uma plataforma marcada pelo fluxo de conteúdos virais em um feed de reprodução infinita, a informação de moda torna-se entretenimento, e as novidades passam a ser distribuídas para um público mais amplo, que, ainda que de forma inconsciente, torna-se capaz de reconhecer e identificar o que está em alta por meio dos conteúdos virais”. 

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PAPÉIS INVERTIDOS

De Natuza Nery a Fátima Bernardes, jornalistas são tratados como celebridades e têm vida amorosa noticiada

Por Laíse Matos

Com a repercussão em veículos de comunicação no que tange a um suposto relacionamento entre Natuza Nery, comentarista do GloboNews, e o humorista do canal Porta dos Fundos, Antonio Tabet, a visão e o tratamento de celebridade para com jornalistas fica evidente. A notícia dada como exclusiva por Fábia Oliveira, colunista do Metrópoles, reverberou em outros portais, como O Tempo e a Revista Quem, do Grupo Globo, antes de um posicionamento por parte dos envolvidos.

É fundamental destacar, como dever dos profissionais da área, o respeito ao direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem do cidadão, que está no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros através do Artigo 6° em seu oitavo parágrafo. Desse modo, o noticiamento de informações pessoais sem qualquer utilidade pública não somente vai de encontro ao bom senso, como também fere princípios éticos da profissão. No entanto, o fenômeno ainda é visto nos veículos midiáticos e a vida amorosa dos jornalistas vira pauta com frequência.  

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Refletir sobre o que aconteceu em 1º de abril de 1964 é necessário

Em 2024, completam-se 60 anos desde o início da Ditadura Militar no Brasil. Esse marco ressalta a importância e a urgência de debater o tema

Por Júlia Lopes

Na música Alegria, Alegria de Caetano Veloso, lançada em 1968, o verso “O sol nas bancas de revista/Me enche de alegria e preguiça/Quem lê tanta notícia?” marcou o período de terror que se estabeleceu no país com a deposição do presidente João Goulart em 1º de abril de 1964, o que deu início à Ditadura Militar no Brasil. Totalizando 21 anos, o regime militar perdurou até a posse de José Sarney, em 15 de março de 1985. O sol era uma referência ao jornal independente, criado pelo poeta e jornalista Reynaldo Jardim. O periódico circulou entre setembro de 1967 e janeiro de 1968, antes da instituição do Ato Institucional 5 (AI-5). Assim como muitos outros jornais e meios de comunicação da época, foi censurado, e seus jornalistas, perseguidos, exilados, torturados e presos.

Ilustração: Reprodução/Charge Henfil

Neste ano completam-se 60 anos desse período que deixou marcas profundas na história do país. Atualmente, a discussão sobre o legado da ditadura nunca se fez tão necessária. Após a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, o presidente Lula (PT) determinou o cancelamento de todos os atos em memória do 1º de abril nos ministérios, inclusive no dos Direitos Humanos. Em recente entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV, Lula afirmou que não quer ficar “remoendo” esse passado e que é preciso “tocar o país para a frente”. No entanto, como ressaltou a jornalista Miriam Leitão, que sofreu tortura durante o regime, em sua coluna para O Globo: “Os jovens que não viveram precisam saber, e os mais velhos precisam lembrar. Nenhum país pode virar as costas para a própria história sem correr o risco de cair no mesmo erro”.

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Fontes viciadas no jornalismo de educação

Visão unilateral de especialistas na cobertura pela imprensa enfraquece debate a respeito do Novo Ensino Médio 

Por João Pedro Alves

No dia 20 de março, a Câmara dos Deputados aprovou mudanças no novo modelo do Ensino Médio. Os principais pontos da “reforma da reforma” foram explicados com clareza pelo noticiário, que se utilizou de recursos gráficos, como tabelas e ilustrações. Mas, ao consultar especialistas de apenas uma organização, a cobertura da imprensa, por parte da grande mídia, limita compreensão e contribui para enfraquecimento do debate a respeito do Novo Ensino Médio.

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COBERTURA GLOBELEZA DEIXA JORNALISMO DE FORA

Com foco comercial, Globo retira jornalistas da cobertura do carnaval 2024 e escala influenciadores, equipe de esporte e entretenimento 

Por Júlia Giusti e Júlia Lopes 

Carnaval Globeleza é um programa da Rede Globo responsável pela cobertura dos carnavais de rua em todo país e dos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo, além das apurações dos dois desfiles. A atração conta com entradas ao vivo ou gravadas de outras cidades, bem como transmissões do carnaval em Salvador (BA), Recife e Olinda (PE). A primeira exibição do Globeleza com a vinheta que conhecemos hoje foi em 8 de fevereiro de 1991, mas, antes disso, a emissora já transmitia os desfiles desde 1985. 

A cobertura do Sambódromo Marquês de Sapucaí pela Globo é famosa pela boa apuração dos enredos, riqueza de informações sobre os desfiles e escolas de samba e qualidade visual. No entanto, em 2024, telespectadores apontaram vários aspectos negativos, como a substituição de repórteres por influenciadores e informações incompletas. A qualidade da imagem, em 4G, também foi reduzida como forma de cortar gastos. Isso repercutiu amplamente na mídia, com críticas de portais como Folha de S.Paulo, UOL e Veja, além de reclamações da audiência. 

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Mídia e narrativas femininas

Jornalismo desconstrói narrativas sobre papel da mulher na sociedade 

Por Júlia Giusti

Historicamente, a construção social de gênero coloca a mulher como principal responsável pelos cuidados do lar. Esse trabalho é invisível na sociedade e, por vezes, menosprezado pelos que desempenham funções perceptíveis: empregos fora de casa, com direito à remuneração. Essa questão, inclusive, foi tema da redação do ENEM do ano passado. Isso não é pauta recente, mas o assunto tem ganhado cada vez mais destaque na mídia com a valorização de narrativas femininas. Não cabe só às mulheres, individualmente, desconstruir formas de cobrança sobre si, mas também à sociedade como todo e, em especial, é dever do jornalismo. dar voz a essa causa.

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Jornalistas na linha de frente

Cresce o número de violência e assassinato contra profissionais da comunicação

Por Nicole Silva

Segundo a Unesco, ocorreu em média um assassinato a cada quatro dias no mundo em 2022, destacando a alarmante ameça à segurança dos jornalistas e a liberdade de imprensa. 

Nesse mesmo ano, o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips repercutiu em diversos veículos de informação. Ele apurava crimes ambientais cometidos na Amazônia e era acompanhado pelo indigenista Bruno Araújo Pereira, também assassinado. O caso se propagou inicialmente com o desaparecimento dos dois, no Vale do Javari, e foi ocupando espaço nos noticiários de televisão, rádio, jornal impresso e online não só do Brasil, mas também do exterior. 

De acordo com o levantamento da Unesco, apenas na América Latina e na região do Caribe houve 44 mortes resultantes da violência. O ataque aos jornalistas é pauta principalmente nos portais dos sindicatos e associações da profissão, que trazem luz à realidade violenta em que os repórteres estão inseridos. Um cenário que não é atual, mas tem se acentuado cada vez mais.  

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Tempo bom e dia de praia

Impactos de uma cobertura descontraída sobre as ondas de calor no Brasil

Por Ana Clara Canuto

A humanidade vem sentindo na pele, inclusive quem não acredita no aquecimento global, os primeiros sinais do agravamento das mudanças climáticas. Entre os dias 12 e 19 de novembro, o Brasil enfrentou a oitava onda de calor de 2023. Só no segundo semestre do ano foram quatro, e ao mesmo tempo em que o calor intenso castigava cidades da regiões Sudeste e Centro-Oeste, o Amazonas vivenciava a pior seca em 121 anos e a região Sul enfrentava enchentes e tempestades severas. 

Dias antes, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de “grande risco” para 15 estados e o Distrito Federal devido às altas temperaturas previstas. Segundo a empresa de meteorologia MetSul, as previsões eram de que algumas cidades poderiam ficar entre 10ºC a 15ºC acima das médias históricas. Já no primeiro dia, no domingo (12/11), a cidade do Rio de Janeiro registrou 42,5ºC. No dia seguinte, a sensação térmica era de 52,7ºC. Em São Paulo, a capital paulista registrou a temperatura mais alta do ano: 37,8ºC. Nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as previsões eram de 45°C. Pelo menos 2,5 mil municípios do país foram afetados pelo calor extremo.

Reprodução MetSul
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