O caso da criança que teve o pedido de interrupção da gravidez negado após sofrer violência sexual e a exposição da entrega voluntária para adoção, depois que atriz Klara Castanho foi vítima de estupro, mostram que discursos que condenam o aborto e colocam a doação como uma solução não ocorrem na prática. Falas do tipo não são fruto de preocupação com a vida, mas, sim, de controle sobre corpos femininos
Por Geovana Melo
Na manhã de sábado (25/6), um assunto rondou as redes sociais logo cedo. A apresentadora da Jovem Pan e pré-candidata a deputada federal Antonia Fontenelle contou, em live durante a semana, que uma atriz, de 21 anos, teria sido vítima de um estupro que resultou em uma gravidez indesejada. No entanto, como a religião da jovem condenava o aborto, a mulher optou por ter o bebê e entregar para adoção. Segundo Antônia, todo o processo foi feito em sigilo, mas o colunista Léo Dias descobriu o caso e entrou em contato com a atriz. Ainda de acordo com o relato da pré-candidata, a jovem confirmou a situação, chorou e disse que se mataria caso a notícia vazasse — fato que a youtuber desconsiderou totalmente ao expor a história. Logo começou-se a especular que se tratava da atriz Klara Castanho. O nome da jovem e dos colunistas viraram um dos assuntos mais comentados das redes sociais e entrou no trending topics do Twitter.
Horas depois, já de noite, Klara Castanho publicou uma carta aberta, em que considerou como “o relato mais difícil” da vida dela. Contou que foi vítima de um estupro, que descobriu a gravidez em um estágio avançado, que não tinha condições emocionais de cuidar da criança e que todo o trâmite da adoção foi feito de modo legal, com amparo do Ministério Público — processo que pela lei garante sigilo a ela e a criança.
Continuar lendo →