Governar sem temer

Por Melissa Duarte

Nos últimos tempos, o Brasil se encontra em ebulição. Crises política e econômica, Operação Lava-Jato, aumento da inflação, processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff e Olimpíadas são alguns exemplos. Esse último acabou ontem, 21 de agosto, marcou a história do País e foi amplamente noticiado.

O evento realizou belas cerimônias de abertura e de encerramento, com destaque para produção e direção de arte, como televisionado pela Rede Globo e ESPN, e dominou a audiência. O público se fez bastante presente, exaltando patriotismo. Brasileiros se uniram, torceram, choraram e gritaram com a medalha de ouro da judoca Rafaela Silva e as de prata e de bronze do canoeiro Isaquias Queiroz, ambos de programas sociais do Governo de incentivo ao esporte e provas de que só mérito não faz ganhar medalha, tem que ter incentivo e oportunidade.

No entanto, o Presidente interino Michel Temer – inelegível nas próximas eleições, devido à Lei da Ficha Limpa – foi vaiado na primeira cerimônia e não compareceu à segunda. Tal fato denota sua impopularidade e a falta de representatividade política do Brasil perante o mundo. Ademais, o Estado utilizou a política do pão e circo nessa competição, entretendo o povo em meio ao caos político, social e econômico no qual se encontra a nação.

O agendamento da mídia nos últimos dias estava focado nas Olimpíadas e pouco mostrou as medidas impopulares do Governo Temer. Corte de verbas em universidades públicas, em programas de apoio ao esporte, e sociais, como Bolsa Família, reforma da previdência social e proibição de concursos e reajustes salariais nos próximos dois anos são pautas atuais dele e representam grande retrocesso para o Brasil. A Operação Lava-Jato está perdendo importância e o desemprego chegou a uma marca histórica no último trimestre – 11,3%, isto é, 11,6 milhões de brasileiros.

Tais ações levam ao sucateamento do Estado e a crer, erroneamente, que ele não consegue gerir os serviços públicos. A privatização de empresas estatais, dessa forma, seria apresentada como solução. Isso geraria, entretanto, perda de riquezas nacionais e de postos de trabalho.

Ademais, tornar pagas as universidades públicas, como nos Estados Unidos, não é a melhor maneira de lidar com a questão, tal qual mostra a BBC. Grande parte dos alunos fica endividada por décadas após a formatura e tem prejudicado o potencial de produzir para a nação e, também, o poder aquisitivo. Tal mudança pode acarretar e agravar, ainda, ansiedade, estresse e depressão, grandes males dessa geração.

Nota-se, portanto, que o estado de bem-estar social adotado no Brasil há anos se encontra fortemente ameaçado. Políticas sociais não podem ser relegadas a esse ponto. Brasil precisa de investimentos em saúde, educação, economia, mas, sobretudo, de um governo representativo, transparente e democrático. Anos de luta em investimentos sociais, educacionais e trabalhistas podem ser, infelizmente, perdidos.

Arte por Kallyo Malcher

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